Publicada em 15/02/2023 ás 09:00:56
A culpa tem sido uma presença constante na vida humana. A Psicologia
veio iluminar os porões do inconsciente e muitos tabus caíram, mas, o
sentimento de culpa não desapareceu. Pelo contrário, está sempre mais presente
na vida de pessoas, famílias, grupos e comunidades, mesmo que muitas normas
comportamentais tenham mudado.
PESQUISA recente aponta as causas
mais comuns do sentimento de culpa: Pais culpam-se do pouco tempo reservado à
família ou pelo fato de não impor limites aos filhos. Esses, por sua vez,
ressentem-se de não demonstrar amor aos pais. A infidelidade e o aborto trazem
uma inevitável colheita de remorsos. A falta de ética profissional é outra
fonte de culpas. Há, também, a culpa pelo que não se fez. Hoje, a omissão é,
possivelmente, uma das maiores causas de culpas individuais e coletivas.
A CULPA mais dolorosa é aquela
que se situa em algum fato definitivo. É o caso de mortes causadas por acidentes,
culpáveis ou não. É o sentimento que deveria ter amado mais a esposa, os filhos
ou mesmo os pais e os avós já falecidos. Quase sempre a culpa e o remorso não
levam a nada, apenas marcam negativamente o resto da vida. O importante é saber
aceitar esse sentimento e procurar viver em paz consigo mesmo, com os outros e
com Deus.
A SABEDORIA popular adverte que
não adianta chorar o leite derramado. Algumas normas ajudam a conviver e mesmo
superar o sentimento de culpa: Aceitar as
próprias falhas. Você não é um deus, não é puro espírito. O erro e as falhas
fazem parte de nosso dia-a-dia, com maior ou menor intensidade. A pessoa
precisa aprender a aceitar-se. Não adianta tentar encontrar culpados: os pais,
o cônjuge, o colega, o professor, o patrão... Diante de qualquer fato negativo,
precisamos reconhecer nossas limitações e fazer um tratado de paz com o
passado.
O TEMPO cicatriza todas as
feridas. O tradicional luto é uma lição de sabedoria. A dor, que nos parece
insuportável hoje, tende a diminuir com o passar dos dias. Erga a cabeça e
pense no dia de amanhã. Mude, também, os
objetivos. Se um ideal ruiu completamente, sempre será possível construir
outro. Se a vaga para a Medicina parece impossível, pense numa outra
possibilidade. Na vida há sempre ganhos e perdas, saber administrá-los é prova
de maturidade e sabedoria.
É NECESSARIO apoiar-se sempre na
fé. Pedir perdão e desculpar-se, mesmo quando é impossível remediar, ajuda a
reencontrar a paz. O Evangelho é um contínuo convite a recomeçar: O cego passa
a enxergar, o mudo a falar, o paralítico a andar, a mulher adúltera recupera sua
dignidade e até a morte cede diante da vida. Deus é infinito em sua
misericórdia. Ele apaga nossas culpas e nossos pecados.