Publicada em 15/02/2023 ás 09:05:54
O professor e sociólogo Antônio Anunciação, 65 anos, sente na própria pele os problemas da intolerância religiosa. Desde os 33 anos, quando se declarou ogam, convive com piadas e gestos preconceituosos. Ele foi um dos convidados do Conselho Municipal de Desenvolvimento das Comunidades Negras e Indígenas de Feira de Santana, que realizou recentemente um debate acerca da temática. Antônio Anunciação é feirense, nascido no bairro Rua Nova, hoje residente no George Américo.
Ogan é "pessoa superior, chefe", com possível influência do jeje ogã; é o nome genérico para diversas funções masculinas dentro de uma casa de candomblé. É o sacerdote escolhido pelo orixá para estar lúcido durante todos os trabalhos. Ele não entra em transe, mas, mesmo assim, não deixa de ter a intuição espiritual.
?Somos alvos, no nosso dia a dia, de diversas formas de descriminação, as vezes nadas sutis?, disse Anunciação, diante da plateia reunida no evento, nas dependências da sede da Defensoria Pública neste município.
Configura crime ? inafiançável - de intolerância religiosa qualquer tipo de agressão, ofensa ou violência em virtude da opção ou prática religiosa de qualquer cidadão, adverte o defensor público Marcelo Rocha, presente ao debate. A pena varia de um a três anos de reclusão, com base na legislação no artigo 9.459 de 1997. Ele recomenda que qualquer pessoa que se sinta ofendida nessas circunstâncias deve denunciar o fato aos órgãos responsáveis e procurar defender seus direitos.